domingo, 22 de janeiro de 2012

BAIXARIAS - VOL 10



O importante é acreditar na foto!

Não! Simples, direto, limpo e sincero.






Algumas pessoas não sabem ouvir um não. Outras são mais compreensivas. Algumas até si matam por um não. Não consigo imaginar bem como é isto. Mas vamos lá: Cleyrton fala com Alesson que não o quer. Alesson se mata. Muito surreal. Sinceramente Alesson foi estúpido. Pensando bem, talvez não. Afinal de contas depois que as sirenes chegam é muito fácil julgar. Temos de saber os fatos antes das luzes terem chegado. Não sabemos as confissões e promessas de Cleyrton, se é que houve algo disso. No entanto, só sabemos da morte de Alesson.


O ponto é sabemos mesmo ou não ouvir um não. Mas de fato ouvimos um não? As pessoas dizem muita coisa, na maioria das vezes futilidades, estupidez, sacanagens, besteiras, enfim não é nada aconselhável levar alguém a serio. Os seres humanos não podem ser levados a sério. O grande problema é que isto não acontece, parece que estamos fadados a levar os outros a sério. É como uma correnteza que sempre te puxa, não há como sair. Quando nos damos por si já estamos quebrando a cara com mais uma pessoa. E de fato merecemos, não seguiu a regra básica de convivência em sociedade. Não levar nunca alguém a sério.


Pois bem o grande problema é que um leva a sério e outro não. Daí surge às promessas. Alias é muito fácil prometer algo, quando não estamos falando sério. Prometo-te o paraíso, a lua, o céu, montanhas de ouro, fama, tudo o que você imaginar. Se algum dia se atrever em me cobrar parto lhe a cara. E te digo: você é uma pessoa sã? Parece que não sabe diferenciar. Meras palavras ao vento de algo sério. Alias não existe nada sério seu panaca, asno, Homer Simpson. Ninguém pode ser levado a sério. Nem mesmo a paternidade ou a castidade.


E as promessas onde é que ficam? E as conversas reveladoras onde se diz: que você é o quinto ou quarto cara que ele beija. Os desabafos sobre o pai alcoólatra, sobre a infância traumática onde ele era motivo de chacota. E os desafios vividos e vencidos. As dúvidas e indecisões realmente importantes. A vida dos amigos, dos ex-namorados, das pessoas queridas. Uma conversa sem censura e sem obrigação social. Os futuros encontros, as futuras viagens juntos. O almoço feito por ele, inclusive com o prato já escolhido. Enfim para que este papo todo para no fim dizer, que você é um idiota. Por acaso os panacas tem alguma semelhança física aos psicólogos?




Pra mim esta é a grande questão. Dizer não, de fato. Não é nenhum problema. Alias é saudável dizer não, faz bem ao coração. Eu diria que é até gostoso dizer e levar um sonoro não. Daqueles onde não há dúvidas do ato. Não há o que dizer e nem argumentar. Eu não gosto de vinho. Eu não gosto de wisky. Eu não gosto de mulheres. Eu não gosto de futebol. Eu não gosto de correr. Eu não gosto de culinária. Eu não gosto de você. Enfim eu não gosto e pronto. Sem explicações, sem férula. Não há nada que se lamentar ou reclamar. Cada um tem o seu livre arbítrio de decidir pelo o que quiser. E se isto foi feito as claras não há julgamento e nem explicações


É justamente este o problema, quase nunca isto é feito às claras. Talvez por crueldade, por maldade, por brincadeira, por não levar nada a sério, por ambiguidade, que é algo inerente ao ser humano. São raras as vezes que alguém age de forma curta e clara, por que não dizer grossa. Alias a grosseria é algo mal interpretado. Mal visto pelos demais. Ela é de fato necessária e quando bem usada muito prudente. O que acontece na verdade é que a grosseria é algo mal empregada, como a maioria dos recursos que nos seres humanos dispomos. E talvez por isso seja mal compreendida. Mas sejamos francos ser grosso na hora certa e correta é muito bom nos da uma ótima sensação de discernimento, em um momento errado faz de você um grandessíssimo idiota... Como em particular evito alguns, mas os miseráveis sempre conseguem um motivo para chegar ate a mim.
Voltemos à objetividade da ação de dizer um não. Evitamos muitas coisas ao dizer um não bem dado. Como por exemplo, a maldita expectativa. Pois por mais que ela nos parta a cara, não vivemos sem ela. E a vida é assim cheia de glorias e derrotas ou sem derrotas e nenhuma glória. Quando digo nenhuma é de fato um conjunto vazio. É bem simples entender isto, imagine um rosto. Um rosto de um ser humano. Vamos imaginar um rosto bonito. Feio não tem graça. Agora imagine se este rosto nunca sorriu, logo nunca ficou triste. Nunca saiu daquele estado. Permaneceu ali com o rosto fixo. Agora pense o contrário. O rosto sempre sorriu, um sorriso plástico, logo já ficou muitas vezes triste. Se ele sorri hoje é por um motivo, este pode melhorar ou piorar. A proporção de quanto ele sorri e o quanto fica triste vai depender, da sorte de cada pessoa.


Desta forma evitamos expectativas, chateações, magoações, aborrecimentos, desespero, inimigos. É não deve ser nada agradável criar um inimigo. Alimenta-lo e cria-lo para que um dia ele te destrua ou no mínimo te arruíne. É como brincar com fogo. Por estas e outras que digo: “Ouça um bom conselho, que lhe dou graça. Inútil dormir a dor não passa”. Meu humilde conselho é: Diga um não gostoso e sem ambiguidades, um não sonoro. Um não sem dúvidas dos dois lados. Um não sem reclamações. Um não que saia de sua boca como um disparo de uma arma de fogo. Mortal, rápido e indolor. Acerte bem no peito, pra não estragar o velório. Afinal de contas, nada mais humilhante do que ser velado com o caixão fechado.